TRECHOS DO DOCUMENTO 53 DA CNBB - SOBRE A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA SEGUIDO DE ALGUNS PENSAMENTOS DE CLÉRIGOS E LEIGOS
19 - Reconhecendo-se a presença da RCC em muitas dioceses e também a contribuição que tem trazido à Igreja no Brasil, é preciso estabelecer o diálogo fraterno no seio da comunidade eclesial, apoiando o sadio pluralismo, acolhendo a diversidade de carismas e corrigindo o que for necessário. 24 - Os membros da RCC participem dos encontros, cursos, círculos bíblicos e outras atividades pastorais e de formação promovidos pelas Igrejas particulares, bem como dos momentos fortes que marcam a vida eclesial, tais como Campanha da fraternidade, mês da Bíblia, mês missionário, preparação de Natal e outros. 35 - Para não prejudicar uma reta leitura da Bíblia, é preciso estar atentos para não cair, entre outros, nos seguintes perigos: 1º) O fundamentalismo, que é fixar-se apenas no que as palavras dizem "materialmente" sem respeitar o contexto nem a contribuição das ciências bíblicas; 2º) O intimismo, que é interpretar a Bíblia de modo subjetivo, e até mágico, fazendo o texto dizer o que não era intenção dos autores sagrados. Sobre isso, sigam-se as orientações do Magistério, especialmente o recente documento da Pontifícia comissão bíblica sobre a interpretação da Bíblia na Igreja. 40 - Nas celebrações, observe-se a legislação litúrgica que, embora estabeleça normas precisas para certos momento, abre amplo espaço para a criatividade. Não se introduzam elementos estranhos à tradição litúrgica da Igreja ou que estejam em desacordo com o que estabelece o Magistério ou aquilo que é exigido pela própria índole da celebração. 41 - Na celebração da missa, não se deve salientar de modo inadequado as palavras da Instituição, nem se interrompa a oração eucarística para momentos de louvor a Cristo presente na eucaristia com aplausos, vivas, procissões, hinos de louvor eucarístico e outras manifestações que exaltem de tal maneira o sentido da presença real que acabem esvaziando as várias dimensões da celebração eucarística. 42 - Os cantos e os gestos sejam adequados ao momento celebrativo e de acordo com os critérios exigidos para a celebração litúrgica. São preciosas e oportunas as orientações do documento nº. 43 da CNBB sobre "Animação da vida litúrgica no Brasil". Procure-se distinguir cantos para uso litúrgico e cantos para encontros. Valorizem-se os hinários litúrgicos publicados pela CNBB, os livros de cantos das Igrejas particulares e outros hinários difundidos entre o povo. 49 - A espiritualidade cristã integra o social e o espiritual, o humano e o religioso. Não está, porém, isenta das ambigüidades e mesmo distorções que podem caracterizar as reações do psiquismo humano, seja individual, seja grupal. Por isso, evite-se alimentar um clima de exaltação da emoção e do sentimento, que enfatiza apenas a dimensão subjetiva da experiência da fé. 50 - Para expandir o projeto de Deus, o cristão deve comprometer-se com a criação de uma sociedade justa e solidária, eliminando o pecado como gerador de divisão com Deus e os irmãos. A dimensão social da fé, à luz da Doutrina Social da Igreja, requer a luta para debelar as estruturas de pecado: pessoal, comunitário, social e estrutural, e assim estabelecer o Reino de Cristo e de Deus (cf. LG, 5). Recomenda-se, pois, que membros dos grupos de oração sejam animados a assumir projetos de promoção humana e social, especialmente dos pobres e marginalizados. 51 - A evangélica opção preferencial pelos pobres é um dom do Espírito Santo à Igreja, que é também concedido, como carisma especial, a alguns grupos de cristãos leigos, a certas famílias religiosas e a muitos fiéis. Segundo a recomendação do apóstolo: "aspirai aos carismas melhores" (1 Cor. 12,31), a vivência da opção pelos pobres deve ser desejada e implorada por todos como carisma precioso, a ser vivido em nossos dias, como sinal da presença do Reino. 53 - A falta de coerência entre a fé que se professa e a vida quotidiana é uma das várias causas que geram pobreza em nosso País. Os cristãos nem sempre souberam encontrar na fé a força necessária para penetrar os critérios e as decisões dos setores responsáveis pela organização social, econômica e política de nosso povo (cf. DSD 161). E) Questões particulares 54 - Alguns temas necessitam de maior aprofundamento teológico, diálogo eclesial e orientação pastoral, tais como: Batismo no Espírito Santo, dons e carismas, dom da cura, orar e falar em línguas, profecia, repouso no Espírito, poder do mal e exorcismo. 55 - A palavra "batismo" significa tradicionalmente o sacramento da iniciação cristã. Por isso, será melhor evitar o uso da expressão "batismo no Espírito", ambígua, por sugerir uma espécie de sacramento. Poderão ser usados termos como "efusão do Espírito Santo", "derramamento do Espírito Santo". Do mesmo modo, não se utilize o termo "confirmação" para não confundir com o sacramento da Crisma (Cf. Comissão episcopal de doutrina - Comunicado mensal, Dez de 1993, 2217). 56 - Dons e carismas: O grande dom, que deve ser por todos desejado, é o da caridade: "Aspirai aos dons mais altos. Aliás, passo a indicar-vos um caminho que ultrapassa a todos..." (1 Cor. 12,31 - 13,13). "A caridade é o primeiro dom e o mais necessário, pelo qual amamos a Deus acima de tudo e o próximo por causa dele" (LG, 42). 58 - Haja muito discernimento na identificação de carismas e dons extraordinários. Diante das pessoas que teriam carismas especiais, o juízo sobre sua autenticidade e seu ordenado exercício compete aos pastores da Igreja. A eles em especial cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas para ficar com o que é bom (cfr. 1 Tes. 5,12.19.21). Assim, também no que se refere aos carismas, a RCC se atenha rigorosamente às orientações do bispo diocesano. 59 - Dom da cura: O Senhor dá a algumas pessoas um carisma especial de cura, para manifestar a força da graça do Ressuscitado. No entanto, as orações mais intensas não conseguem obter a cura de todas as doenças. São Paulo aprende do Senhor que "basta minha graça, pois é na fraqueza que minha força manifesta todo seu poder" (2 Cor. 12, 9), e que os sofrimentos que temos que superar podem ter como sentido "completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja" (Cl. 1,24). 60 - Ao implorar a cura, nos encontros da RCC ou em outras celebrações, não se adote qualquer atitude que possa resvalar para um espírito milagreiro e mágico, estranho à prática da Igreja Católica (cf. Eclo 38, 11-12). 61 - Nas celebrações com doentes, não se usem gestos que dão a falsa impressão de um gesto sacramental coletivo ou que uma espécie de "fluido espiritual" viesse a operar curas. 62 - O Óleo dos Enfermos não deve ser usado fora da celebração do Sacramento. Para não criar confusão na mente dos fiéis, quem não é sacerdote não faça uso do óleo em bênção de doentes, mas use apenas o Ritual de Bênçãos oficial da Igreja. 63 - Orar e falar em línguas: O destinatário da oração em línguas é o próprio Deus, por ser uma atitude da pessoa absorvida em conversa particular com Deus. E o destinatário do falar em línguas é a comunidade. O apóstolo Paulo ensina: "Numa assembléia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir também aos outros, a dizer dez mil palavras em línguas" (1 Cor 14,19). Como é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e nunca se fale em línguas sem que haja interprete. 64 - Dom da profecia: Na Bíblia, profeta é o que fala em nome de Deus. Significa, pois, um evangelizador. É a comunicação de assuntos espirituais aos participantes de reuniões comunitárias, aos quais se dirigem palavras de exortação e encorajamento. "Aquele que profetiza, fala aos homens: edifica, consola, exorta" (1 Cor. 14,3). É um dom para o bem da comunidade e não tem em vista adivinhações futuras. 65 - Haja grande discernimento quanto ao dom da profecia, eliminando qualquer dependência mágica e até supersticiosa. 66 - Em Assembléias, grupos de oração, retiros e outras reuniões evite-se a prática do assim chamado "repouso no Espírito". Essa prática exige maior aprofundamento, estudo e discernimento. 67 - Poder do mal e exorcismo: Cristo venceu o demônio e todo o espírito do mal. Nem tudo se pode atribuir ao demônio, esquecendo-se o jogo das causas segundas e outros fatores psicológicos e até patológicos. 68 - Quanto ao "poder do mal", não se exagere a sua importância. E não se presuma ter o poder de "expulsar" demônios. O exorcismo só pode ser exercido de acordo com o que estabelece o código de Direito canônico (Cân. 1172). Por isso, seja afastada a prática, onde houver, do Exorcismo exercido por conta própria. 69 - Procure-se ainda formar adequadamente as lideranças e os membros da RCC para superar uma preocupação exagerada com o demônio, que cria ou reforça uma mentalidade feitichista, infelizmente presente em muitos ambientes.
PENSAMENTOS: "Para prosperar, as Pastorais, os Grupos de Oração, a RCC tem que ter obediência à Palavra de Deus, às orientações da Igreja contida em seus documentos... Tem que ter obediência ao Bispo, ao padre, ao coordenador..." Missionário Sidinehwoster Veiga é ex-pastor da Assembléia de Deus; também é escritor, cantor e palestrante.
“ ...vivem em um ambiente feitichista, místico e alienante”. Padre Quevedo,SJ é Doutor em Teologia, licenciado em Psicologia, Filosofia e Humanidades Clássicas. É professor de Parapsicologia.
"Tenho assistido pela TV algumas coisas que faz medo. Aquela maneira de apelar para o sentimentalismo". Dom Waldyr Calheiros é Bispo Emérito da Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda.
"Eu não gosto da Renovação Carismática Católica" Padre Nilton Guimarães, SVD