“O Espírito diz expressamente que nos últimos tempos alguns renegarão a fé, dando atenção a espíritos sedutores e a doutrinas demoníacas”(I Tm 4,1). Segundo Marilyn McGuire, diretora executiva da “New Age Publishing and Retailing Alliance”, existem cerca de 2.500 livrarias sobre ocultismo nos Estados Unidos e mais de 3.000 editores de livros e revistas de ocultismo. As vendas de livros da Nova Era em essencial são calculados em um bilhão de dólares por ano. Isso torna o movimento da Nova Era uma indústria multibilionária, e tais indústrias recebem a atenção das empresas e das autoridades americanas (1). Segundo o padre Oscar Quevedo, SJ, estudioso das seitas, só no Brasil existem mais de 56 mil seitas e religiões. O Papa João Paulo II chegou a dizer a um grupo de Bispos do Brasil em Roma, em 1995, que as seitas, “se espalham na América Latina como uma mancha de óleo, ameaçando fazer ruir as estruturas de fé de muitas nações” (2). O QUE é UMA SEITA Dave Breese em seu livro 'Conheça as Marcas da Seita', define o que é uma seita: “A seita é uma perversão religiosa. é uma fé e uma prática centralizada em doutrina falsa, no mundo da religião que exige devoção para um ponto de vista, ou para um líder religioso. é uma heresia organizada”. O especialista em seitas Dr. Walter Martin define assim: “Um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. O autor do livro 'Como Responder às Seitas', Hubert F. Beck escreve: “As seitas, portanto, no pior sentido dos termos, são cismáticas e heréticas” (3). São as heresias que dão fundamentos as seitas. O que é heresia? Doutrina errônea, sustentada voluntária e obstinadamente, por quem, já tendo alguma vez admitido a fé cristã, nega alguma das verdades proposta pela Igreja como reveladas. TSUNAMI DAS SEITAS O diabo é o autor das heresias, dos cismas e das seitas. As seitas são grandes mentiras, que tem como pai o diabo (Jo 8,44). O diabo inspira três práticas nos líderes sectários: o poder de ditador, a ganância pelo dinheiro e a luxúria desenfreada. O poder diabólico dos líderes leva os adeptos ao fanatismo, intolerância e escravidão pela lavagem cerebral. A ponto de viverem isolados e incompatibilizados com a família, amigos e com todo o contexto social. Grande é a manipulação e alienação nos seguidores das seitas. Nas seitas perdem a liberdade e a felicidade do corpo e da alma. Os sectários são escravos do proselitismo. A doutrinação constante nos fiéis sobre o fim do mundo leva-os a fuga da realidade, daí o individualismo e o desprezo pelas questões sociais. Quando os líderes sectários se envolvem na política partidária, lutam pelos seus próprios interesses. Praticam uma política assistencialista, paternalista e até mesmo corrupta. Diga-se de passagem o escândalo da sanguessuga. Esses líderes são doentes pelo poder terreno. Procuram esse poder com toda política maquiavélica, com um único objetivo: derrubar a Igreja Católica e outras comunidades sérias. Têm seitas que são organizações aparentemente religiosas, mas nos seus bastidores são verdadeiras máquinas do crime. A vida pomposa de seus líderes, não difere dos grandes mafiosos. O Papa João Paulo II disse: “No mundo, há um mal agressivo, que Satanás guia e inspira. Vivemos dias tenebrosos e somos assaltados pelo mal”. No campo da religião, o mal principal que Satanás inspira é o engano religioso. Seus apóstolos assaltam vergonhosamente o povo, não em seu nome, mas no nome santo de Deus. é irônico e paradoxal. Satanás inspira um poder tão grande nos seus líderes, que muita gente são roubadas por eles sem perceberem o rombo na conta bancária, estamos vivendo a era do tsunami das seitas. O estrago é terrível, no contexto social, político, econômico cultural e principalmente teológico. O estrago já foi feito na área da sã doutrina. A fé foi danificada e a graça barateada. O que fazer? Quem responde é o Papa Bento XVI: * “A resposta mais radical ás seitas passa através “da redescoberta da identidade católica: é preciso uma nova evidência, uma nova alegria, se posso dizer, é preciso mesmo um novo 'brio' (que não contradiz a indispensável humildade) de sermos católicos” (4). Já é hora do católico conhecer e defender o patrimônio da fé da única Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica. O modelo inspirativo é o Cabeça da Igreja – Jesus Cristo – os mártires e os santos. Disse o mártir do Coliseu Romano Santo Inácio de Antioquia: “é preciso não só levar o nome de cristão, mas ser de fato”. O católico tem por missão sagrada a defesa da sua santíssima fé até o martírio. Tudo para glória da Santíssima Trindade e da Santa Madre Igreja.
Pe. Inácio do Vale é Mestre em Psicanálise Educacional e Doutor em História Eclesiástica. Professor de História da Igreja na Faculdade de Teologia de Volta Redonda e Instituto Teológico Bento XVI. Escritor e Conferencista, sociólogo em Ciências da Religião e Pesquisador do CAEEC (área de Pós-graduação).
*Na época da resposta era o Prefeito da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger.
R E F E R ê N C I A S (1) ANKERBERG, John e Weldon John. Os fatos sobre o movimento da Nova Era, 2º ed. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, 1999, p.14. (2) AQUINO, Felipe. Porque sou católico, Lorena: Cléofas, 2002, p.5. (3) F. Beck, Hubert. Como responder ás seitas, Porto Alegre: Concórdia Editora, 1991, p. 12. (4) RATZINGER, Joseph e Messori, Vittorio, A fé em crise? : o cardeal Ratzinger se interroga, São Paulo: EPU. 1985, p.87. (5) Revista Pergunte e Responderemos, Março, 2007, pp. 129-131. (6) BITTENCOURT, José Filho e Hortal, Jesus. Novos Movimentos Religiosos na Igreja e na Sociedade, São Paulo: AM Edições, 1996. (7) BARROS, Mônica N. A Batalha do Armagedom: Uma análise do repertório Mágico-religioso proposta pela Igreja Universal do Reino de Deus, Belo Horizonte: Mineo, 1995.