R.: Vamos examinar. A Igreja ensina que Deus criou o demônio como um anjo bom. “O Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em (sua) natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa.” (CIC 391) São anjos decaídos por terem se rebelado contra Deus. Eles tentam associar o homem à sua rebelião contra Deus.(CIC 414) Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus.Embora Satanás com a sua ação cause danos graves de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física,para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas "nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam" (Rm 8,28) - (CIC 395) Dizia Santo Agostinho, Doutor da Igreja, que o demônio é um cão acorrentado, que pode ladrar muito, mas só faz mal a quem se lhe chegue perto. A Bíblia fala freqüentemente do demônio. Há vários casos concretos de possessão demoníaca no Novo Testamento. No Antigo Testamento não há nenhum. Padre Quevedo, doutor em teologia e professor de parapsicologia, afirma em seu livro ‘Antes que os demônios voltem’ que “todos os casos concretos de ‘possessão’ narrados pelos Evangelhos são doenças internas. A causa é cerebral ou psíquica, não há marcas ou deficiências externas que expliquem, para os antigos, a conduta anormal.” O Biblista Padre José Bortoline em seu livro ‘Tire suas dúvidas sobre Bíblia’, afirma que “no tempo de Jesus, qualquer mal ou enfermidade cujas causas fossem desconhecidas eram atribuídos à ação do demônio.” A epilepsia é um exemplo. A palavra epilepsia é derivada do grego, significa uma condição de tornar-se dominado, apanhado ou atacado. O povo usava-a por acreditar que as crises eram causadas por um demônio. Assim a epilepsia tornou-se uma doença sagrada. Esta é a base para os mitos e medos que cercam a epilepsia, e que influenciam as atitudes populares no sentido de dificultar ainda mais o alcance de uma vida normal para os portadores da mesma. A palavra epilepsia não significa mais do que uma tendência para ter crises. Também afirma Bortoline que “o povo da Bíblia é devedor de tradições culturais de outros povos que também acreditavam na existência de demônios.” A crença da maioria dos povos primitivos de que todo o mundo material estava habitado e controlado por demônios é chamada de animismo. Ainda,segundo Pe. José Bortoline, os que fazem uma leitura fundamentalista(ao pé da letra) da Bíblia é que gostam de defender a existência do demônio e sua ação na humanidade. Duquoc em seu livro ‘Satan, symbole ou realité’ afirma que “hoje o estudioso não pode afirmar a existência real (do demônio)”. O Teólogo Rudolf Bultmann em seu livro "Theologie des Neuen Testaments", argumenta que Demônios, Diabo ou Retores do Mundo são figuras míticas(imaginárias) "postas a serviço da intelecção histórico-salvífica da relação de Deus e o mundo". A existência do demônio não é dogma de fé. A função de exorcista foi banida na Igreja há tempo. Crer nas tentações do demônio tem feito muito mal às pessoas. Tira a responsabilidade pessoal dos seus atos. O Teólogo Bultmann insiste que os poderes que tentam ao homem não são demônios reais, senão "a realidade na qual o homem está situado, como realidade de contradição e luta, como realidade ameaçante e tentadora". Foi Jesus quem disse: “Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem.” (Mc 7, 20-23; Mt 15,19). Portanto, Cristo nos ensinou que é do nosso coração que procede a inclinação ao mal e, se consentirmos, o pecado.